terça-feira, 8 de setembro de 2015

EU TAMBÉM GOSTO DE ANDERSEN

ANDERSEN
A CAIXA DE FÓSFOROS
Um soldado vinha marchando pela estrada: esquerda, direita!, esquerda, direita! Ele caminhava com sua mochila nas costas, e uma espada na bainha, estava voltando da guerra, e agora estava indo pra casa.
Enquanto andava, ele encontrou uma bruxa velha e assustadora pelo caminho. Ela era muito feia, seus beiços caiam até o peito, e ela parou e disse:
— “Boa Noite, soldado! que bela espada você tem, e que mochila bonita você está carregando! você é um soldado de verdade, e por isso você terá todo o dinheiro que precisar."
— “Obrigado, bruxa velha,” disse o soldado.
— “Você está vendo aquela árvore bem alta,” disse a bruxa, apontando para uma árvore que estava ali perto.
— “Então, ela é totalmente oca por dentro, e através desse buraco você pode subir até o topo da árvore, então, você encontrará uma passagem, e através dessa passagem você deverá descer até uma grande profundidade. Eu vou amarrar uma corda ao redor do seu corpo, para que eu possa puxá-lo de volta quando você gritar para que eu faça isso.”
— “Mas o que eu tenho de fazer na árvore?”, perguntou o soldado.
— “Pegar o dinheiro,” respondeu ela, “porque você deve saber chegar ao fundo debaixo da árvore, onde você encontrará um lugar enorme, todo iluminado por trezentos lampiões, então, você verá três portas, as quais podem ser facilmente abertas, pois as chaves estão todas nas fechaduras. Ao entrar na primeira sala, para a qual as portas conduzem, você encontrará uma caixa enorme, que fica no meio da sala, e um cachorro estará sentado em cima dessa caixa, esse cachorro tem dois olhos grades do tamanho de dois pires. Mas você não precisa ter medo dele, eu darei a você o meu avental xadrez azul, você deverá estender no chão o meu avental, e depois corajosamente pegar o cachorro e colocá-lo em cima do avental.”
— “Aí você pode abrir a caixa, e pegar todas as moedas que precisar, lá estarão apenas as moedas de cobre, mas se você preferir moedas de prata, você deve ir para a segunda sala. Nessa sala você encontrará um outro cachorro, com olhos tão grandes como as rodas de um moinho, mas não deixe que esse cachorro o assuste. Coloque-o sobre o meu avental, e depois pegue todo o dinheiro que precisar. Se, entretanto, você preferir moedas de ouro, entre na terceira sala, onde você encontrará mais uma caixa cheia delas. O cão que estará sentado sobre essa caixa é muito bravo, seus olhos são do tamanho de uma torre, mas não se preocupe com ele. Se ele também for colocado sobre o meu avental, ele não fará mal a você, e você pode tirar da caixa todo ouro que precisar.”
— “Esta é uma história interessante,” disse o soldado, “mas o que eu tenho de fazer para você, pois, é claro, que você não está dizendo tudo isso de graça.”
— “Não,” disse a bruxa, “eu não quero nem um centavo. Prometa-me apenas que você me trará uma caixa de fósforos velha, que a minha avó esqueceu da última vez que esteve por lá.”
— “Muito bem, eu prometo. Agora amarre a corda no meu corpo.”
— “Ei-la aqui,” respondeu a bruxa, “e aqui está o meu avental xadrez azul.”
Assim que a corda foi amarrada, o soldado subiu na árvore, e desceu pelo buraco até o fundo lá embaixo, e ali ele encontrou, como a bruxa havia lhe dito, uma sala enorme, onde muitas centenas de lampiões estavam acesos. Então, ele abriu a primeira porta.
— “Ah,” lá estava o cachorro, com os olhos grandes como pires, arregalados para ele.
— “Você é um cara legal,” disse o soldado, pegando-o e colocando-o dentro do avental da bruxa, enquanto ele enchia seus bolsos com as muitas peças que estavam guardadas dentro da caixa. Então, ele baixou a tampa, colocou o cachorro em cima caixa novamente, e caminhou para a outra sala. E, de novo, lá estava o cachorro com os olhos tão grandes como as rodas de um moinho.
— “Você não deveria olhar para mim desse jeito,” disse o soldado, “isso fará com que seus olhos vertam água,” e então, ele colocou o cachorro sobre o avental, e abriu a caixa. Mas quando ele viu a grande quantidade de moedas de prata que ela continha, ele rapidamente jogou fora todas as moedas de cobre que tinha pego, e encheu seus bolsos e a sua mochila com toda prata que conseguiu.
Então, ele foi para a terceira sala, e lá estava o cachorro horroroso, seus olhos eram, de verdade, grandes e altos como torres, e eles giravam e giravam como rodas em sua cabeça.
— “Bom dia,” disse o soldado, fazendo continência para o cachorro, pois jamais tinha visto uma coisa daquela na sua vida. Porém, depois de olhar para ele mais de perto, pensou que o cachorro era educado o bastante, então, ele o colocou no chão, e abriu a caixa. Nossa Senhora! quanto ouro havia ali! o bastante para comprar todos os pirulitos da mulher que vendia doces, todos os soldados de chumbo, os chicotes, e cavalinhos de balanço da cidade e até do mundo todo.
Havia, realmente, uma grande quantidade de dinheiro. Então, o soldado jogou fora todas as moedas de prata que ele tinha pegado, e encheu seus bolsos e sua mochila com ouro no lugar delas, e não só os bolsos e a sua mochila, mas também o quepe e as botas que ele usava, tanto que ele mal conseguia andar.
Ele estava muito rico agora; então, ele colocou de volta o cachorro em cima da caixa, fechou a porta, e gritou lá de baixo:
— “Pode puxar, agora, sua bruxa velha.”
— “Você pegou a caixa de fósforos?” perguntou ela.
— “Não, eu estava me esquecendo.” Então, ele voltou e pegou a caixa de fósforos, e então, a bruxa puxou ele para fora da árvore, e lá estava ele de novo na estrada, com seus bolsos, mochila, quepe e botas cheios de ouro.
— “O que você vai fazer com a caixa fósforos?” perguntou o militar.
— “Não te interessa,” respondeu a bruxa, “ você já tem o dinheiro, agora me dê a caixa de fósforos.”
— “De jeito nenhum,” disse o soldado, “se você não me disser o que você vai fazer com ela, eu puxo a minha espada e corto a tua cabeça.”
— “Não,” disse a bruxa.
O soldado imediatamente cortou a cabeça da bruxa, e ali ficou ela caída no chão. Depois ele amarrou todo o dinheiro que havia pegado no avental dela, e pendurou o saco nas costas, colocou a caixa de fósforos no bolso, e partiu para a cidade mais próxima. Era uma cidade muito bonita, e ele se hospedou na melhor estalagem, e pediu um jantar com os seus pratos favoritos, porque agora ele estava rico e tinha muito dinheiro.
O criado, que limpava as suas botas, achava estranho que um homem tão rico usasse um par de botas tão velhas, porque ele ainda não havia comprado botas novas. No dia seguinte, todavia, ele foi atrás para comprar roupas novas e botas apropriadas, então, o soldado logo se transformou num cavalheiro refinado, e as pessoas o visitavam, e lhe contavam todas as maravilhas que podiam ser vistas na cidade, e também lhe falaram sobre a bela filha do rei, a princesa.
— “Onde é que eu posso vê-la?” perguntou o soldado.
— “Ela não pode jamais ser vista,” disseram eles, “ela vive num imenso castelo de bronze, cercado por muralhas e torres. Ninguém, senão o rei, pode entrar ou sair do castelo, pois existe uma profecia de que ela irá se casar com um soldado comum, e o rei não quer nem pensar num casamento como esse.”
— “Eu gostaria muito de vê-la,” pensou o soldado, mas ele não conseguia obter permissão para visitá-la. Enquanto isso, ele passava tardes agradáveis, ia ao teatro, passeava a cavalo pelos jardins do rei, e dava muito dinheiro para as pessoas pobres, e isso era muito bom para ele, pois, ele se lembrava dos velhos tempos quando ele não tinha nem um centavo para viver. Agora ele era rico, usava roupas finas, tinha muitos amigos, e todos falavam que ele era boa gente e um verdadeiro cavalheiro, e assim ele ficava muito satisfeito.
Mas o dinheiro dele não ía durar para sempre, e como ele gastava e desperdiçava muito todos os dias, e não recebia nenhum, de repente ele percebeu que só haviam duas moedas. Então, ele foi obrigado a deixar os aposentos elegantes, e viver num pequeno sótão debaixo do telhado, onde ele mesmo tinha que limpar suas botas, e até mesmo remendá-las com uma agulha grande.
Nenhum dos seus amigos vinham vê-lo, as escadas eram muito altas para subirem. Numa noite escura, quando ele não tinha nem uma moedinha para comprar uma vela, então, ele se lembrou que havia um toco de vela dentro da caixa de fósforos, que ele encontrou no buraco da árvore.
Ele encontrou a caixa de fósforos, porém, mal ele havia riscado um palito para que fagulhas fossem geradas e a porta subitamente se abriu e o cachorro, com olhos grandes do tamanho de um pires, que ele tinha visto lá nas profundezas da árvore, estava diante dele, e disse:
— “Quais são as suas ordens, meu amo?”
— “Olá,” disse o soldado, “esta caixa de fósforos me será útil, se ela puder me atender em tudo aquilo que eu preciso.”
— “Ora, traga para mim algum dinheiro,” disse o soldado para o cachorro.
O cachorro saiu por um momento, e logo voltou, carregando um enorme saco de moedas de cobre na boca. O soldado, então, percebeu logo porque aquela caixa de fósforos era tão importante. Se tendo riscado o fósforo uma vez, o cachorro que estava na caixa de moedas de cobre apareceu, então, se ele riscasse duas vezes, apareceria o cachorro que estava em cima da caixa com moedas de prata, e três vezes, o cachorro que era alto como torres, que vigiava todo o ouro. O soldado agora tinha muito dinheiro, ele voltou a morar em seus aposentos elegantes, e tornou a aparecer com roupas finas e caras, de modo que os seus amigos voltaram a visitá-lo e repetir tudo o que faziam antes.
Depois de algum tempo ele começou a pensar que era muito estranho que ninguém pudesse olhar para a princesa.
— “Todos dizem que ela é linda,” pensava consigo mesmo, “mas de que adianta tudo isso se ela fica confinada dentro de um castelo de bronze cercado por tantos muros e torres. Será que eu conseguiria encontrar um jeito de vê-la? Aí ele se lembrou, “onde está a minha caixa de fósforos? Então, ele riscou uma faísca e num instante o cachorro, com olhos do tamanho de um pires apareceu diante dele:
— “São meia noite,” disse o soldado, “mas eu gostaria muito de ver a princesa, ainda que seja por alguns momentos.”
O cachorro desapareceu instantaneamente, e antes que o soldado pudesse olhar em volta, o cachorro retornou com a princesa. Ela estava deitada nas costas do cachorro, e era tão linda, que qualquer um que a olhasse saberia que ela era uma princesa real. O soldado não conseguiu deixar de dar um beijo nela, como verdadeiro soldado que era. Depois o cachorro retornou com a princesa, mas, de manhã, durante o café da manhã do rei e da rainha, ela contou a eles que tinha tido um sonho curioso durante a noite, com um cachorro e um soldado, e que ela tinha sido levada nas costas de um cachorro, e sido beijada pelo soldado.
— “Essa é uma história muito bonita, de fato,” disse a rainha. Então, na noite seguinte, uma das antigas damas da corte ficou vigiando ao lado da cama da princesa, para descobrir se tudo aquilo ela tinha sonhado mesmo, ou se poderia ser alguma outra coisa.
O soldado desejava muito ver a princesa mais uma vez, e então, ele mandou que o cachorro novamente fosse buscá-la durante a noite, e a trouxesse correndo o mais rápido que ele pudesse. Mas a velha senhora colocou botas à prova d'água, e correu atrás do cachorro tão rápido quanto podia, e descobriu que ele levava a princesa até uma casa grande. Ela achou que seria mais fácil se lembrar do lugar se ela fizesse uma cruz grande na porta com um pedaço de giz.
Então, ela voltou para casa e dormiu, e o cachorro rapidamente voltou com a princesa. Mas quando ele viu que uma cruz tinha sido feita na porta da casa, onde morava o soldado, ele pegou um outro pedaço de giz e fez cruzes em todas as casas da cidade, para que a dama de companhia não conseguisse descobrir a porta onde a princesa havia estado.
Na manhã seguinte, bem cedo, o rei e a rainha acompanharam a dama e todos os criados da casa, para verem onde a princesa tinha sido levada.
— “É aqui,” disse o rei, quando chegaram na primeira porta onde havia uma cruz nela.
— “Não, meu querido marido, deve ser aquela,” disse a rainha, apontando para uma segunda porta que também tinha uma cruz.
— “E aqui tem uma, e ali tem outra!” todos exclamavam, pois havia cruzes em todas as portas e em todas as direções.
Então, eles acharam que seria inútil continuar procurando. Mas a rainha era uma mulher muito inteligente, ela sabia fazer muito mais coisas do que simplesmente andar de carruagem. Ela pegou a sua grande tesoura de ouro, cortou um pedaço de seda em quadradinhos, remendou tudo, e fez uma linda sacolinha. Ela encheu a sacola com grãozinhos de trigo, e amarrou a sacola no pescoço da princesa, depois ela fez um pequeno furo na sacola, para que o trigo fosse espalhado pelo chão quando a princesa fosse levada.
Durante a noite, o cachorro veio novamente e levou a princesa nas costas, e correu com ela até o soldado, que a amava muito, e desejava que ele fosse o príncipe, para que ele pudesse tê-la como esposa. O cachorro não percebeu como o trigo escorria da sacola por todo o caminho desde as muralhas do castelo até a casa do soldado, e até mesmo da janela, onde ele havia subido com a princesa.
Logo de manhã, o rei e a rainha descobriram onde a filha deles havia estado, e o soldado foi levado e colocado numa cela. Oh, como era triste e enfadonho ficar sentado ali, e as pessoas diziam para ele:
— “Amanhã você vai ser enforcado.” Essa não era uma notícia muito agradável, e além de tudo, ele havia esquecido a caixa de fósforos na estalajem. De manhã cedo ele podia ver pelas grades da janela a correria das pessoas na cidade para assistirem ao seu enforcamento, ele ouvia os tambores tocando e via quando os soldados marchavam.
Todos estavam afoitos para assistir, quando um aprendiz de sapateiro, usando avental e sapatos de couro, galopava a toda velocidade, então, um de seus sapatos caiu do seu pé e bateu de encontro a parede onde o soldado estava olhando pelas grades da janela.
— “Olá, aprendiz de sapateiro, você não precisa ter tanta pressa,” gritou o soldado para ele.
— “Não haverá nada para ver até eu chegar lá, mas se você for correndo até a casa onde eu moro, e me trouxer a minha caixa de fósforos, eu lhe darei quatro moedas, mas você tem de ir lá o mais rápido que puder.”
O aprendiz de sapateiro gostou da ideia de ganhar quatro moedas, então, ele foi bem correndo e trouxe a caixa de fósforos, e a entregou para o soldado.
E agora nós vamos ver o que aconteceu.
Fora da cidade uma grande forca havia sido erigida, e em torno do patíbulo estavam os soldados e vários milhares de pessoas. O rei e a rainha estavam sentados nos tronos de frente para os juízes e de todo o conselho.
O soldado já estava no cadafalso, mas quando eles estavam para colocar a corda no pescoço dele, ele disse que um pedido inocente frequentemente era concedido a um pobre criminoso antes de ser morto. Ele desejava fumar um charuto, porque esse seria o último charuto que ele teria o prazer de fumar antes de morrer.

O rei não podia recusar este pedido, então, o soldado pegou a sua caixa de fósforos, e riscou fogo uma vez, duas vezes, três vezes, — e num segundo apareceram todos os cães, — aquele que tinha os olhos grandes do tamanho de um pires, aquele que os olhos eram tão grande como as rodas de um moinho, e o terceiro, cujos olhos eram mais altos que uma torre.
— “Me ajudem agora, eu não posso ser enforcado,” gritou o soldado.
E todos os cachorros pularam em cima dos juízes e de todos os conselheiros, pegou um pelas pernas, e outro pelo nariz, e foram jogado para cima a muitos metros de altura, e quando eles cairam eles ficaram todos destroçados.
— “Não toquem em mim,” disse o rei. Mas o cachorro maior pegou o rei, e também a rainha, e os jogou em cima dos outros. Então, os soldados e todas as pessoas ficaram com medo, e gritavam:
— “Meu bom soldado, você será o nosso rei, e você se casará com a bela princesa.”
Então, eles colocaram o soldado em cima da carruagem do rei, e os três cães corriam na frente e gritavam:
— “Viva!” e as crianças assobiavam com os dedos, e os soldados apresentavam as armas. A princesa saiu do castelo de bronze, e se tornou rainha, e ela gostou muito.
As festividades para o casamento duraram uma semana inteira, e os cães se sentaram na mesa, e ficaram de olhos arregalados.





 COPIADO POR AÍ DA INTERNET

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ANDERSEN

O PEQUENO CLÁUDIO E O GRANDE CLÁUDIO
Numa aldeia viviam dois homens que tinham o mesmo nome. Os dois eram chamados de Cláudio. Um deles tinha quatro cavalos, mas o outro tinha somente um; de modo que para diferenciá-los, as pessoas chamavam o dono dos quatro cavalos de, "O Grande Cláudio," e aquele que possuía somente um de, "Pequeno Cláudio." Agora nós vamos saber o que aconteceu com eles, porque esta é uma história verdadeira.
Durante a semana toda, o pequeno Cláudio era obrigado a arar as terras para o Grande Cláudio, e emprestar o seu único cavalo; e uma vez por semana, no domingo, o Grande Cláudio emprestava para ele os seus quatro cavalos. Então, o pequeno Cláudio podia usar e abusar de todos os cinco cavalos, porque naquele dia era como se todos eles lhe pertencessem. O sol brilhava poderoso, e os sinos da igreja tocavam alegremente a medida que as pessoas passavam, vestidas com seus melhores trajes, trazendo o livro de orações debaixo dos braços. Todos estavam indo para ouvir o pastor fazer o sermão. Eles viam o pequeno Cláudio arando com seus cinco cavalos, e ele estava tão orgulhoso de usar o chicote, e dizia, "Força, meus cinco cavalos."
"Você não deve falar assim," disse o grande Cláudio; "pois somente um deles pertence a você." Mas o pequeno Cláudio esquecia logo o que ele tinha de dizer, e quando alguém passava ele gritava, "Força, meus cinco cavalos!"
"Ora, eu gostaria que você não dissesse isso novamente," disse o grande Cláudio; "pois se o fizer, eu darei um golpe tão grande na cabeça do seu cavalo, que ele vai cair morto no mesmo lugar, e você nunca mais o verá."
"Prometo que nunca mais vou falar isso," disse o outro; mas assim que as pessoas passavam, e balançavam a cabeça para ele, e lhe diziam "Bom Dia," ele ficava tão satisfeito, e pensava como ele parecia poderoso com cinco cavalos arando o seu campo, que ele voltava a gritar novamente, "Força, todos os meus cavalos!"
"Deixa que eu comando os cavalos para você," disse o grande Cláudio; e pegando um martelo, golpeou na cabeça o único cavalo do pequeno Cláudio, o qual caiu morto instantaneamente.
"Oh, agora eu não tenho nenhum cavalo," disse o pequeno Cláudio, chorando. Pouco depois, ele retirou a pele do cavalo morto, e a deixou para secar ao vento. Depois, ele enfiou a pele seca dentro de um saco, e, colocou-a no ombro, e foi até a cidade vizinha para vender a pele do cavalo. O caminho a percorrer era muito longo, e ele tinha de passar no meio de uma floresta escura e tenebrosa. Não demorou muito e despencou uma tempestade, e ele perdeu o caminho, e antes que ele descobrisse o caminho certo, a noite chegou, e o caminho para a cidade mais próxima era longo, e para retornar para casa também já não era mais possível.
Perto da estrada havia uma fazenda muito grande. Do lado de fora se via que as janelas estavam fechadas, mas viam-se luzes pelas fendas da janela no alto. "Eu vou pedir permissão para passar esta noite aqui," pensou o pequeno Cláudio; então ele se aproximou da porta e bateu. A esposa do fazendeiro abriu a porta; mas quando ela soube o que ele queria, ela pediu para que ele fosse embora, pois o seu marido não iria permitir que ela autorizasse a entrada de estranhos. "Então eu sou obrigado a me deitar aqui fora," disse o pequeno Cláudio para si mesmo, assim que a esposa do fazendeiro fechou a porta na cara dele.
Perto da fazenda havia grandes montes de feno, e entre a casa e os montes de feno havia uma pequena cobertura, feita de palha. "Eu vou ficar deitado aqui," disse o pequeno Cláudio, assim que avistou a cobertura; "terei uma cama deliciosa, mas eu espero que a cegonha não desça até aqui e meta o bico nas minhas pernas;" porque em cima do telhado vivia uma cegonha, que havia feito um ninho ali. Então o pequeno Cláudio subiu até o teto da cobertura, e enquanto ele buscava melhor para se acomodar, ele descobriu que as janelas de madeira, que estavam fechadas, dispunham de frestas, de modo que ele podia ver todo o recinto, onde havia uma mesa enorme disposta com vinho, carne assada, e um peixe magnífico.
A esposa do fazendeiro e o sacristão estavam sentados juntos à mesa; e ela enchia o copo dele, e servia peixe a ele com abundância, que parecia ser seu prato favorito. "Ah, se eu pudesse comer um pouquinho, também," pensou o pequeno Cláudio; e então, quando ele esticou o seu pescoço em direção à janela, ele pode ver uma torta grande e apetitosa, — realmente, eles estavam degustando um delicioso banquete diante dele.
Nesse momento, ele ouviu o barulho de alguém que descia a estrada, e se dirigia para a fazenda. Era o fazendeiro que estava voltando para casa. Ele era um bom homem, porém, tinha um preconceito muito estranho, — ele não podia ver um sacristão. Se um aparecesse na sua frente, ele ficava subitamente furioso. Era por isso então, que o sacristão tinha ido visitar a esposa do fazendeiro durante a ausência do marido dela, e a bondosa mulher havia colocado para servir a ele o melhor que ela tinha na casa para comer.
Quando ela ouviu que o fazendeiro estava chegando ela ficou assustada, e pediu ao sacristão para que se escondesse dentro de um grande armário vazio que havia no recinto. Assim fez ele, pois ele sabia que o marido dela não suportava ver um sacristão. A mulher então pegou o vinho rapidamente, e escondeu todo o resto do banquete dentro do forno; pois se o seu marido tivesse visto tudo, ele iria querer saber porquê eles haviam sido trazidos ali.
"Oh, que pena," suspirou o pequeno Cláudio no alto do telhado, assim que viu todas aquelas delícias serem guardadas.
"Tem alguém aí em cima?" perguntou o fazendeiro, olhando para cima e descobrindo o pequeno Cláudio. "Porque você está deitado aí? Desça, e entre na casa comigo." Então o pequeno Cláudio desceu e contou ao fazendeiro que ele havia se perdido na floresta e solicitou a acolhida por uma noite.
"Tudo bem," disse o fazendeiro; "mas, primeiro, precisamos comer alguma coisa."
A mulher recebeu os dois com a máxima cordialidade, pendurou a roupa em cima de um móvel grande, e colocou diante deles um prato com mingau de aveia. O fazendeiro estava com muita fome, e comeu o seu mingau com grande apetite, mas o pequeno Cláudio não conseguia parar de pensar nos deliciosos assados, peixes e tortas, os quais ele sabia estarem no forno. Sob a mesa, aos seus pés, ficava o saco contendo a pele de cavalo, que ele pretendia vender na cidade próxima.
Agora o pequeno Cláudio não desejava de modo algum saborear o mingau, então ele pisou com o seu pé no saco que estava debaixo da mesa, e o couro seco fez um ruido bem alto. "Silêncio!" disse o pequeno Cláudio para o seu saco, ao mesmo tempo em que dava outro pisão no saco, foi quando se ouviu um rangido ainda mais alto.
"Ei! o que você tem dentro do saco!" perguntou o fazendeiro.
"Oh, é um saco mágico," disse o pequeno Cláudio; "e ele está dizendo que nós não precisamos comer o mingau, pois ele está dizendo que o forno está cheio de assados, peixes, e tortas."
"Maravilha!" disse o fazendeiro, levantando-se e abrindo a porta do forno; e lá estavam as deliciosas guloseimas escondidas pela esposa do fazendeiro, mas que ele imaginava tinham sido descobertas pelo saco mágico que estava debaixo da mesa. A mulher não ousou dizer nada; então ela colocou tudo na frente deles, e os dois comeram o peixe, a carne, e a torta.
Então o pequeno Cláudio deu outro pisão no saco, e ele rangiu como antes. "O que ele está dizendo agora?" perguntou o fazendeiro.
"Ele está dizendo," respondeu o pequeno Cláudio, "que há três garrafas de vinho para nós, colocadas ali no canto, perto do forno."
Então a mulher foi obrigada a trazer o vinho também, que ela tinha escondido, e o fazendeiro bebeu até ele começar a ficar feliz. Ele havia gostado do tal saco mágico que o pequeno Cláudio havia trazido ali. "Ele é capaz de adivinhar coisas ruins?" perguntou o fazendeiro. "Eu gostaria de ver isso agora que estou feliz."
"Oh, sim!" respondeu o pequeno Cláudio, "o meu saco mágico pode fazer qualquer coisa que eu lhe pedir, — não é mesmo?" perguntou ele, ao mesmo tempo em que pisava no saco até que ele rangesse. "Está ouvindo? ele respondeu 'Sim,' mas o saco mágico receia que nós não vamos querer olhar para ele."
"Oh, mas eu não tenho medo. Como é a cara dele?"
"Bem, ele é meio parecido com um sacristão."
"Deus me livre!" disse o fazendeiro, "então ele deve ser muito feio. Você sabia que eu não suporto ver a cara de um sacristão. Todavia, isso não importa, quero saber quem ele é; ou não vou me importar. No entanto, embora eu tenha coragem, não deixe que ele se aproxime muito de mim."
"Tudo bem, mas antes eu preciso consultar o saco mágico," disse o pequeno Cláudio; então ele pisou no saco, e baixou a orelha para ouvir.
"O que ele está dizendo?"
"Ele está dizendo para que você vá e abra aquele armário grande que está ali no canto, e você verá o tinhoso agachado lá dentro; porém, você deve segurar a porta com firmeza, para que ele não possa fugir."
"Você pode vir me ajudar a segurá-lo?" disse o fazendeiro, indo em direção ao armário onde a sua esposa havia ocultado o sacristão, que agora estava lá dentro, muito assustado. O fazendeiro abriu a porta bem devagar e deu uma espiada.
"Oh," exclamou ele, saltando para trás, "Eu vi, e ele é exatamente como o nosso sacristão. Como ele é assustador!" Então, depois disso, ele foi obrigado a beber mais um gole, e eles se sentaram e beberam até tarde da noite.
"Você precisa vender o seu saco mágico para mim," disse o fazendeiro; "peça quanto quiser, eu pago; na verdade, eu lhe daria uma grande quantia em ouro."
"Não, na verdade, eu não posso," disse o pequeno Cláudio; "imagine o que eu poderia deixar de lucrar se eu me desfizesse deste saco mágico."
"Mas eu gostaria de comprá-lo," disse o fazendeiro, continuando com sua insistência.
"Bem," disse, finalmente, o pequeno Cláudio, "como você foi generoso me oferecendo uma noite de hospedagem em sua casa, eu não vou recusar; você pode ficar com o saco mágico por uma quantia em dinheiro, mas eu desejo o valor integral."
"Sem dúvida você receberá," disse o fazendeiro; "mas você deve levar o armário também. Eu não o quero aqui em casa nem mais uma hora; quem poderá afirmar que o tinhoso ainda não esteja lá dentro."
Então o pequeno Cláudio deu ao fazendeiro o saco contendo o couro do cavalo morto, e recebeu em troca uma grande quantia em dinheiro — integralmente. O fazendeiro lhe ofereceu também um carrinho de mão para que ele levasse o armário e o ouro.
"Passe bem," disse o pequeno Cláudio, a medida que ele se distanciava com o dinheiro e o pesado armário, onde o sacristão ainda estava escondido. De um lado da floresta havia um rio grande e profundo, a água corria com tanta velocidade que eram poucos os que conseguiam nadar contra a correnteza. Uma ponte nova havia sido construída nos últimos dias para atravessá-lo, e no meio desta ponte o pequeno Cláudio parou, e disse, bem alto para que o sacristão o ouvisse, "Agora, o que devo fazer com este armário inútil; ele é tão pesado como se estivesse cheio de pedras: eu ficarei cansado se eu o continuar carregando, então eu devo jogá-lo no rio; se ele vier flutuando atrás de mim até a minha casa, tudo bem, se não, ele não me será necessário."
Então ele pegou o armário na mão e o levantou levemente, como se fosse jogá-lo dentro do rio.
"Não, não faça isso,"gritou o sacristão de dentro do armário; "primeiro me deixe sair."
"Oh," exclamou o pequeno Cláudio, fingindo estar assustado, "ele ainda está lá dentro, não está? Então eu devo jogá-lo no rio, para que ele se afogue."
"Oh, não; oh, não," exclamou o sacristão; "Eu lhe darei uma grande quantidade em dinheiro se você me deixar sair."
"Porquê, essa é uma outra questão," disse o pequeno Cláudio, abrindo o armário. O sacristão saiu com dificuldade, empurrou o armário vazio para dentro da água, e foi para sua casa, então ele pegou uma grande quantidade de ouro e a ofereceu ao pequeno Cláudio, que já havia recebido a mesma quantidade por parte do fazendeiro, de modo que agora ele tinha um barril cheio.
"Eu fui muito bem pago pelo meu cavalo," disse o pequeno Cláudio quando ele chegou em casa, ele entrou no seu quarto, e derramou todo o dinheiro formando um amontoado no assoalho. "Sem dúvida, o grande Cláudio ficará irritado quando ele descobrir como eu fiquei rico apenas com meu único cavalo; mas eu não direi a ele exatamente como tudo aconteceu." Então ele mandou que um garoto fosse até o grande Cláudio para lhe emprestar um barril.
"Para que ele quer o barril?" pensou o grande Cláudio; então ele passou pixe no fundo do barril, para que qualquer coisa que fosse colocada nele grudasse e ali permanecesse. E assim aconteceu; pois quando o barril foi devolvido, três novos florins de prata ficaram colados a ele.
"Mas o que significa isto?" disse o grande Cláudio; então ele foi correndo para a casa do pequeno Cláudio, e perguntou, "Onde você conseguiu tanto dinheiro?"
"Oh, foi a pele do meu cavalo, eu a vendi ontem."
"Você foi muito bem pago," disse o grande Cláudio; e ele correu para sua casa, pegou um machadinho, e deu um golpe na cabeça de cada um de seus quatro cavalos, tirou a pele dos quatro, e as levou para a cidade para vender. "Peles, peles, quem quer comprar peles?" gritava ele, a medida que caminhava pelas ruas. Todos os sapateiros e curtidores de pele vieram correndo, e perguntaram a ele por quanto ele estava vendendo.
"Um barril de dinheiro, para cada cavalo," respondeu o grande Cláudio.
"Você está louco?" gritaram todos eles; "você acha que temos dinheiro para gastar em quantidades de um barril?"
"Peles, peles," ele voltou a gritar, "quem quer comprar peles?" mas a todos que perguntavam o preço, a sua resposta era, "um barril de dinheiro."
"Ele está nos fazendo de tolos," disseram todos eles; então os sapateiros pegaram suas cintas, e os curtidores seus aventais de couro, e começaram a surrar o pequeno Cláudio.
"Peles, peles!" gritavam eles, zombando dele; "sim, deixaremos uma marca na pele para você, até que ela fique toda marcada."
"Vamos expulsá-lo da cidade," disseram eles. E o grande Cláudio foi obrigado a correr o mais rápido que podia, nunca antes em sua vida ele havia apanhado tanto.
"Ah," disse ele, assim que chegou em casa; "O pequeno Cláudio vai me pagar por isto; eu vou matá-lo de tanto bater."
Durante esse período, a avozinha do pequeno Cláudio tinha morrido. Ela tinha sido nervosa, cruel e muito maldosa com ele; mas ele lamentava isso, e pegou a velhinha morta e a colocou em sua cama quentinha para ver se ele conseguia trazê-la à vida novamente. Alí ele decidiu que ela devia ficar a noite toda, enquanto ele ficou sentado numa cadeira num canto do quarto como frequentemente ele fazia isso antes. Durante a noite, enquanto ele ficou sentado ali, a porta se abriu, e o grande Cláudio entrou com um machadinho. Ele sabia bem onde a cama do pequeno Cláudio ficava; então ele foi em direção a ela, e golpeou a avozinha na cabeça, pensando que pudesse ser o pequeno Cláudio.
"Toma," exclamou ele, "agora você nao vai mais me fazer de tolo novamente;" e então ele foi para casa.
"Esse cara é muito maldoso," pensou o pequeno Cláudio; "ele pretendia me matar. Ainda bem que a minha avó já estava morta, ou ele a teria matado." Então ele vestiu a sua avó com a sua melhor roupa, emprestou um cavalo do seu vizinho, e o atrelou a uma carroça.
Depois ele colocou a velhinha no banco de trás, de modo que ela não caísse enquanto ele dirigia, e seguiu pela floresta. Ao amanhecer eles chegaram a uma grande estalagem, onde o pequeno Cláudio parou para comer alguma coisa. O estalajadeiro era um homem rico, e muito bom; mas tão impetuoso com se tivesse sido feito de pimenta e rapé.
"Bom Dia," disse ele ao pequeno Cláudio; "você chegou cedo hoje."
"Sim," disse o pequeno Cláudio; "Eu estou indo à cidade com a minha avó; ela está sentada atrás na carroça, mas ela não pode vir até aqui. Será que você poderia levar um copo de mel para ela? mas você deve falar bem alto, porque ela não consegue ouvir."
"Sim, certamente que posso," respondeu o estalajadeiro; e, derramando mel dentro de um copo, ele o levou para a avó que estava morta, mas que estava sentada verticalmente na carroça. "Aqui está um copo de mel que o seu neto me pediu para trazer," disse o estalajadeiro. A velhinha morta não respondia nada, mas continuava sentada. "Você não ouviu o que eu disse?" gritou o estalajadeiro o mais alto que pode; "aqui está o copo de mel do seu neto."
Várias vezes ele gritava, mas como ela não se mexia ele ficou furioso, e jogou o copo de mel na cara dela; o copo ficou grudado no nariz dela, e ela caiu de costas para fora da charrete, porque ela estava somente sentada lá, não estava amarrada.
"Hei!" gritou o pequeno Cláudio, saindo impetuosamente pela porta, e agarrando o estalajadeiro pela garganta; "você matou a minha avó; veja, ela está com um buraco enorme na testa."
"Oh, que azar," disse o estalajadeiro, retorcendo as mãos. "Tudo isso acontece por causa do meu péssimo temperamento. Querido pequeno Cláudio, eu lhe darei um barril de dinheiro; e sepultarei a sua avó como se ela fosse minha avó; somente não conte nada para ninguém, ou eles vão me cortar a cabeça, e isso seria muito desagradável."
E assim aconteceu que o pequeno Cláudio recebeu outro barril de dinheiro, e o estalajadeiro sepultou a sua querida avó como se fosse a dele próprio. Quando o pequeno Cláudio chegou em casa novamente, ele imediatamente enviou um garoto até a casa do grande Cláudio, pedindo-lhe que lhe emprestasse uma barril como medida. "Mas porquê será isso?" pensou o grande Cláudio; "será que eu não o matei? Preciso ir lá para ver com meus próprios olhos." Então ele foi até o pequeno Cláudio, e levou a medida de um barril consigo. "Como você conseguiu todo esse dinheiro?" perguntou o grande Cláudio, arregalando bem os seus olhos diante do tesouro do seu amigo.
"Você matou a vovó e não eu," disse o pequeno Cláudio; "então eu a vendi por um barril de dinheiro."
"Esse me parece ser um bom preço," disse o grande Cláudio. Então ele foi para casa, pegou uma machadinha, e matou a própria avó com um só golpe. Depois ele a colocou numa charrete, e partiu rumo à cidade até o boticário, e lhe perguntou se ele queria comprar um defunto.
"De quem é o corpo, e onde você o conseguiu?" perguntou o boticário.
"É a minha avó," respondeu ele; "Eu a matei com um único golpe, para que eu pudesse conseguir um barril de dinheiro com o corpo dela."
"Deus me livre!" disse o boticário, "você deve estar louco. Não me diga essas coisas, ou você perdeu todo o juízo." E então o boticário falou a ele seriamente sobre o mal que ele tinha cometido, e lhe disse que um homem tão mau assim certamente merecia ser punido. O grande Cláudio ficou tão assustado que imediatamente correu para fora da sala de cirurgia, pulou rapidamente para dentro de sua carroça, deu uma chibatata em seus cavalos, e sem perda de tempo correu desesperado para casa. O boticário e todas as pessoas acharam que ele tinha ficado louco, e deixavam que ele dirigisse a charrete para onde ele quisesse.
"Você me pagará por isto," disse o grande Cláudio, assim que ele colocou o pé na estrada, "ah, e como pagará, pequeno Cláudio." Então assim que ele chegou em casa ele pegou o maior saco que ele conseguiu encontrar e partiu em direção à casa do pequeno Cláudio. "Você me pregou uma nova peça," disse ele. "Primeiro, eu matei todos os meus cavalos, e depois a minha avó, e tudo por sua culpa; mas você não vai mais me fazer de bobo." Então ele colocou a mão em volta do corpo do pequeno Cláudio, e o empurrou para dentro do saco, e depois ele colocou o saco nos ombros, dizendo, "Agora eu vou afogá-lo no rio.
Ele tinha um longo caminho a percorrer antes de chegar ao rio, e o pequeno Cláudio não era um peso muito leve de se carregar. A estrada passava perto da igreja, e quando eles passavam em frente ele pode ouvir o órgão tocando e as pessoas cantando com muita alegria. O grande Cláudio colocou o saco perto da porta da igreja, e achou que ele também poderia entrar e ouvir um salmo antes de continuar a caminhada. O pequeno Cláudio com certeza não conseguiria sair do saco, e todas as pessoas estavam dentro da igreja; então ele entrou também.
"Oh que azar, oh que azar," suspirava o pequeno Cláudio dentro do saco, enquanto ele virava e se revirava por todos os lados; mas ele achava que ele não conseguiria soltar o cordão com o qual o saco havia sido amarrado. Por acaso, um velho criador de gados, de cabelos esbranquiçados, passava por perto, e levava na mão uma vara bastante longa, com a qual ele comandava uma grande manada de vacas e bois que iam na frente. Eles tropeçaram no saco onde o pequeno Cláudio estava, virando-o de lado. "Oh que azar," suspirou o pequeno Cláudio, "Eu sou muito jovem, e logo estarei indo para o céu."
"E eu, meu pobre amigo," disse o charreteiro, "E eu, sendo tão velho, jamais chegarei lá."
"Abra o saco," gritou o pequeno Cláudio; "entre dentro dele no meu lugar, e logo você estará lá."
"Com a maior alegria," respondeu o charreteiro, abrindo o saco, de onde o pequeno Cláudio saltou para fora o mais rápido possível. "Você vai cuidar do meu gado?" disse o velhinho, enquanto entrava dentro do saco.
"Sim," disse o pequeno Cláudio, e ele amarrou o saco, e depois foi embora com todas as vacas e os bois.
Quando o grande Cláudio saiu da igreja, ele pegou o saco, e o colocou de volta em seus ombros. Ele parecia ter ficado mais leve, pois o velho charreteiro não tinha a metade do peso do pequeno Cláudio.
"Como ele está parecendo leve agora," disse ele. "Ah, é porque eu fui a igreja!" Então ele caminhou até o rio, o qual era profundo e largo, e jogou o saco contendo o velho charreteiro dentro da água, acreditando que fosse o pequeno Cláudio. "É aí que você deve ficar!" exclamou ele; "agora você não irá me pregar nenhuma peça mais." Então ele se virou para ir para casa, mas quando ele chegou no lugar onde as duas rodovias se cruzavam, lá estava o pequeno Cláudio comandando o gado. "Como pode ser isto?" disse o grande Cláudio. "Eu não acabei de matar você afogado agora mesmo?"
"Sim," disse o pequeno Cláudio; "você me jogou dentro do rio a cerca de meia hora atrás."
"Mas onde você conseguiu todos esses belos animais?" perguntou o grande Cláudio.
"Estes animas são gados marinhos," respondeu o pequeno Cláudio. "Eu vou lhe contar a história toda, e lhe agradecer por ter-me afogado; eu me tornei superior a você agora, porque fiquei muito rico. Eu estava assustado, para dizer a verdade, quando eu estava amarrado dentro do saco, e o vento soprou em meus ouvidos quando você me atirou da ponte para dentro do rio, e eu afundei até o fundo do rio imediatamente; mas eu não me machuquei, porque eu caí sobre uma grama linda e macia que nasce lá embaixo; e de repente, o saco se abriu, e uma linda sereia veio na minha direção. Ela usava vestidos brancos como a neve, e ela tinha uma grinalda de folhas verdes em seus cabelos molhados. Ela me pegou pelas mãos, e disse, 'Então você chegou, pequeno Cláudio, eis aqui alguns gados para você começar. Meia milha depois na estrada, há uma outra manada para você.' Então eu vi quando o rio formou uma grande estrada para as pessoas que vivem no mar. Elas estavam andando e indo de lá para cá, do mar para a terra, até o lugar onde o rio terminava. O leito do rio estava coberto das flores mais lindas e de uma relva fresca e macia. Os peixes me ultrapassavam tão rapidamente como fazem os pássaros do céu. As pessoas eram tão bonitas, e que gados belíssimos estavam pastando nos montes e nos vales!"
"Mas porquê você voltou novamente," disse o grande Cláudio, "se tudo era tão lindo lá em baixo? Eu não teria feito isso?"
"Bem," disse o pequeno Cláudio, "foi uma boa estratégia da minha parte; você ouviu quando eu disse agora mesmo que uma sereia do mar me havia dito para seguir mais meia milha no caminho, e eu encontraria toda uma manada de gado. Falando de estrada, ela queria dizer o rio, pois de modo algum ela consegue viajar pela estrada de terra; mas eu sabia como o rio era sinuoso, e como ele se curva, algumas vezes para a direita e algumas vezes para a esquerda, e esse me pareceu um caminho muito longo, então eu decidi pegar um atalho; e, subindo pelo caminho de terra, e depois voltando pelos campos de volta para o rio, terei economizado meia milha, e terei conseguido todo o meu gado mais rapidamente."
"Que cara de sorte você é!" exclamou o grande Cláudio. "Você acha que eu conseguiria algum gado marinho se eu descesse até o fundo do rio?"
"Sim, eu acho que sim," disse o pequeno Cláudio; "mas eu não vou carregar você até lá dentro de um saco, você é pesado demais. Todavia, se você for lá primeiro, e depois entrar dentro de um saco, eu o jogarei com o maior prazer."
"Obrigado," disse o grande Cláudio; "mas lembre-se, se eu não encontrar nenhum gado marinho lá em baixo e subo aqui novamente e lhe dou uma boa surra."
"Não, agora, não tenha muita certeza disso!" disse o pequeno Cláudio, enquanto eles caminhavam até o rio. Quando eles chegaram perto, os gados, que estavam com muita sede, viram o rio, e desceram para beber.
"Veja como eles estão com pressa," disse o pequeno Cláudio, "eles estão desesperados para descer lá novamente,"
"Venha, me ajude, rápido," disse o grande Cláudio, afoito, "ou você vai apanhar." Então ele entrou dentro de um saco grande, que estava nas costas de um dos bois.
"Coloque uma pedra grande dentro," disse o grande Cláudio, "ou ou não vou afundar."
"Oh, não fique preocupado com isso," respondeu ele; e colocou uma pedra bem grande dentro do saco, e depois o amarrou bem apertado, e deu um empurrão.
"Plump!" Lá foi o grande Cláudio, que imediatamente afundou até o fundo do rio.

"Eu acho que ele não vai encontrar nenhum gado," disse o pequeno Cláudio, e levou toda a sua manada de volta para casa.


COPIADO POR AÍ DA INTERNET...